As vitrines do cinema brasileiro em Toronto
O que nos faz estranhar assistir a um filme estrangeiro não estadunidense é o fato de estarmos tão fortemente ligados a um determinado modo de produzir cinema. A estrutura do roteiro, com minutos específicos em que a história passará por mudanças, o modo de enquadrar da câmera, o tipo de orquestração das trilhas... tudo nos foi introjetado ao longo de anos e anos, dia após dia, na televisão e nas salas de cinema do Brasil. Não nos damos conta, mas quase só conseguimos “apreciar” filmes vindos dos Estados Unidos ou da Rede Globo (até onde é possível fazer essa distinção). Esse “gosto” por um determinado tipo de cinema tem direta relação com a frequência com que fomos expostos à essa produção.
Então podemos dizer que nunca será demais exibir filmes brasileiros em Toronto. Podemos mostrar para o público canadense a incrível variedade da produção de nosso país e, ao mesmo tempo, mostrar para os brasileiros que moram aqui o Brasil das alegrias e mazelas que tanto conhecemos. Lembramos assim de nossa música, nossas cidades, nossas gírias e nossas diferenças. E o público canadense saberá, de alguma maneira, quem somos. O cinema tem essa incrível capacidade de transportar a cultura de um país.
Entre os dias 27 e 30 de novembro de 2014 aconteceu o Brazil Film Fest, uma mostra de cinema que apresentou 11 filmes brasileiros, seis semanas após o Brazilian Film & TV Festival of Toronto, que aconteceu de 16 a 19 de outubro e apresentou 18 filmes, entre longas, médias e curtas-metragens. Já que eu comecei de traz para frente, em junho o Pink Latino apresentou 8 filmes brasileiros e em abril o aluCine Latin Film + Media Arts Festival também passou outros 8 filmes. O número de eventos e filmes é absolutamente formidável, se levarmos em conta o volume de filmes produzidos e exibidos na cidade. O cinema brasileiro, definitivamente, tem seu lugar aqui em Toronto.
Numa cidade de imigrantes, poucos países têm a oportunidade de ter tanta vitrine para seu cinema. Além disso, cada um dos festivais citados tem perfis muito diferentes: o “Brazil Film Fest” dá preferência a filmes com atores da televisão (Tony Ramos, Thiago Lacerda, Ingrid Guimarães, Giovanna Antonelli, Regina Duarte), o BRAFFTV e o aluCine pela produção independente, e o Pink Latino pelo cinema LGBT. Os três últimos dão espaço também a curtas-metragens, o que significa poder mostrar filmes de jovens diretores das mais variadas regiões do país (que na maioria das vezes não encontram condições para a produção de um longa).
Devemos celebrar com alegria a sorte de termos tantos eventos de cinema aqui em Toronto. Todos eles se complementam de maneira importante, contribuem para a formação de público, divulgam nosso país na cidade em que vivemos, promovendo o conhecimento e a interação com a nossa cultura. Ir ao cinema ver um filme brasileiro é prestigiar nossa cultura e aqueles que trabalham para mantê-la viva aqui em Toronto.
Alexandre Dias Ramos
O que nos faz estranhar assistir a um filme estrangeiro não estadunidense é o fato de estarmos tão fortemente ligados a um determinado modo de produzir cinema. A estrutura do roteiro, com minutos específicos em que a história passará por mudanças, o modo de enquadrar da câmera, o tipo de orquestração das trilhas... tudo nos foi introjetado ao longo de anos e anos, dia após dia, na televisão e nas salas de cinema do Brasil. Não nos damos conta, mas quase só conseguimos “apreciar” filmes vindos dos Estados Unidos ou da Rede Globo (até onde é possível fazer essa distinção). Esse “gosto” por um determinado tipo de cinema tem direta relação com a frequência com que fomos expostos à essa produção.
Então podemos dizer que nunca será demais exibir filmes brasileiros em Toronto. Podemos mostrar para o público canadense a incrível variedade da produção de nosso país e, ao mesmo tempo, mostrar para os brasileiros que moram aqui o Brasil das alegrias e mazelas que tanto conhecemos. Lembramos assim de nossa música, nossas cidades, nossas gírias e nossas diferenças. E o público canadense saberá, de alguma maneira, quem somos. O cinema tem essa incrível capacidade de transportar a cultura de um país.
Entre os dias 27 e 30 de novembro de 2014 aconteceu o Brazil Film Fest, uma mostra de cinema que apresentou 11 filmes brasileiros, seis semanas após o Brazilian Film & TV Festival of Toronto, que aconteceu de 16 a 19 de outubro e apresentou 18 filmes, entre longas, médias e curtas-metragens. Já que eu comecei de traz para frente, em junho o Pink Latino apresentou 8 filmes brasileiros e em abril o aluCine Latin Film + Media Arts Festival também passou outros 8 filmes. O número de eventos e filmes é absolutamente formidável, se levarmos em conta o volume de filmes produzidos e exibidos na cidade. O cinema brasileiro, definitivamente, tem seu lugar aqui em Toronto.
Numa cidade de imigrantes, poucos países têm a oportunidade de ter tanta vitrine para seu cinema. Além disso, cada um dos festivais citados tem perfis muito diferentes: o “Brazil Film Fest” dá preferência a filmes com atores da televisão (Tony Ramos, Thiago Lacerda, Ingrid Guimarães, Giovanna Antonelli, Regina Duarte), o BRAFFTV e o aluCine pela produção independente, e o Pink Latino pelo cinema LGBT. Os três últimos dão espaço também a curtas-metragens, o que significa poder mostrar filmes de jovens diretores das mais variadas regiões do país (que na maioria das vezes não encontram condições para a produção de um longa).
Devemos celebrar com alegria a sorte de termos tantos eventos de cinema aqui em Toronto. Todos eles se complementam de maneira importante, contribuem para a formação de público, divulgam nosso país na cidade em que vivemos, promovendo o conhecimento e a interação com a nossa cultura. Ir ao cinema ver um filme brasileiro é prestigiar nossa cultura e aqueles que trabalham para mantê-la viva aqui em Toronto.
Alexandre Dias Ramos